As cinco frases acima poderiam ter aparecido em uma reunião no escritório, em um e-mail corporativo ou em um post no LinkedIn — e talvez até soassem sofisticadas à primeira vista. Mas, atenção: todas elas contêm "escorregões" na língua portuguesa. Entenda cada um nesta reportagem.
Na tentativa de "falar bonito" e de impressionar os colegas, é comum:
Cassiano Butti, docente do Departamento de Ciências da Linguagem da PUC-SP, explica que esses deslizes indicam uma certa insegurança do falante.
"Alguns desses casos podem ser chamados de 'hipercorreções'. A pessoa quer mostrar que sabe algo, mas não é proficiente na língua e acaba cometendo esses 'exageros'. Ela quer fazer com que o outro acredite que ela tem total domínio [deste vocabulário elaborado]", diz.
Em vez de arriscar, o melhor é "apostar no simples", aconselha o professor de português Sérgio Nogueira. Depois, com mais tempo, é possível pesquisar no dicionário ou na internet algum sinônimo que pareça mais elaborado, caso prefira.
Abaixo, veja exemplos de inadequações comuns na rotina de quem vive em reunião (nosso foco será somente o português, sem "coffee breaks" e "brainstorms"):
Corroborar = confirmar, comprovar.
Assertivo = que expressa sua opinião com firmeza e respeito.
Ratificar = confirmar, validar. // Retificar = corrigir algo.
E:
Mitigar = suavizar, amenizar o impacto de algo negativo.
Ter = é mais amplo; indica dispor de algo, ser dono ou estar em posse de um objeto ou característica naquele momento.
Possuir = é mais enfático e está ligado à ideia de posse legal, jurídica ou permanente de algo.
❌ "Ele possui febre desde ontem."
✅ "Ele tem febre desde ontem."
Sala de reunião — Foto: Vex Construções
Agora, um bônus: os professores Sérgio Nogueira e Cassiano Butti listaram outras inadequações na língua portuguesa que são comuns no mundo corporativo (e que acabam sendo repetidas no dia a dia).
Na lista abaixo, os exemplos são relacionados a questões gramaticais:
Explicação: O verbo "fazer" no sentido de tempo é impessoal e, portanto, deve ser usado sempre no singular.
Explicação: O verbo "haver", no sentido de existir ou acontecer, é impessoal e deve ser usado sempre no singular, mesmo que se refira a múltiplos eventos ou objetos.
Explicação: O pronome "nenhum" é singular, e o verbo deve concordar com ele.
Explicação: Verbos derivados de "vir" (como "intervir", "convir") ou "ter" (como "manter", "deter") seguem a conjugação de seus verbos base. Assim, devemos dizer, na norma padrão: "se nós mantivermos"; "quando eles intervierem".
Explicação: Tanto o verbo "seguir" quanto o termo "anexo" devem concordar em número e gênero com o substantivo a que se referem ("os documentos"). Até existe a possibilidade de escrever "em anexo" — mas, ainda assim o "seguir" deve ir para o plural.
Sim. A língua é dinâmica e está em constante movimento.
"O português que eu ensinava antes não é o mesmo que ensino hoje. As regras mudam, e novas formas podem ser aceitas", diz Nogueira.
Veja só um exemplo de possível alteração da norma: tradicionalmente, o verbo "adequar" é defectivo, ou seja, não é conjugado em todas as formas. No presente do indicativo, teríamos apenas:
Portanto, não seria correto escrever "eu adéquo", segundo a gramática normativa — o ideal seria substituir por um verbo sinônimo, como "eu adapto", "eu ajusto".
Mas já vemos um nítido movimento para que essa regra mude: o dicionário Houaiss, por exemplo, já aceita a conjugação completa, tanto no presente do indicativo (coluna da esquerda) quanto no presente do subjuntivo (coluna da direita):
✏️Ou seja: fique sempre de olho no g1 Educação para entender o constante movimento da língua portuguesa e não perder nenhuma atualização!
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